A boate de música eletrônica Green Valley, em Camboriú, foi destruída com as fortes tempestades e rajadas de vento provocadas pelo “ciclone bomba” que atingiu o Sul do país. A estrutura principal do espaço, feita de pilares de aço e lonas, ficou completamente retorcida no chão deixando o espaço irreconhecível.

Eleito cinco vezes como “o melhor club do mundo” pela revista britânica especializada DJ Mag, o lugar é cercado por natureza e tem capacidade para receber até 12 mil pessoas em uma só noite. O espaço tem mais de 10 mil metros quadrados de área e conta com lagos, três pistas de dança, camarotes, bares, loja e até uma praça de alimentação. A pista principal, com formato de tenda, foi a mais afetada pelos ventos.
O Green Valley já estava fechado desde o dia 14 de março, antes mesmo do decreto estadual que proíbe aglomerações para evitar o contágio pelo novo coronavírus. Segundo o proprietário da casa, o setor de eventos já vivia uma momento muito delicado.
“O Green Valley mexe muito com o setor econômico de Camboriú, Santa Catarina, e até mesmo do Brasil. Movimentamos o turismo, a rede hoteleira, os empregos na alta e baixa temporada”, contou.

Em funcionamento desde novembro de 2007, a boate se tornou referência na cena eletrônica e consolidou a região do litoral de Santa Catarina como um dos principais destinos para os fãs desse tipo de música, junto de ícones como Ibiza, na Espanha, e Londres, na Inglaterra. DJs brasileiros como Alok e Vintage Culture tocaram no local diversas vezes, e nomes internacionais como Carl Cox, Avicii, Martin Garrix, Calvin Harris e David Guetta também já passaram por lá.
Nas redes sociais, vários artistas lamentaram o ocorrido. Entre eles, o DJ brasileiro Lukas Ruiz, conhecido como Vintage Culture, afirmou que o acidente marca um dia triste na história da música eletrônica.
“Esse clube foi e é uma lenda, talvez nem existisse Vintage Culture se não houvesse Green Valley. Só sei que subimos juntos e eu vou querer estar e ser o primeiro a subir nesse palco de novo, pra levantar esse clube mais uma vez”, afirmou. Já Alok descreveu o lugar como “mágico” e que transformou sua vida. “Essa tempestade não apaga as lindas histórias que foram eternizadas durante todos esses anos no clube número 1 do mundo”, escreveu.
Na Europa, o DJ holandês Nicky Romero também postou uma mensagem de apoio à boate e aos fãs brasileiros. “Estou triste de verdade com as notícias do que aconteceu na região sul do Brasil, especialmente em Camboriú e com a querida Green Valley. Gostaria de mostrar todo meu apoio pois sinto o mesmo que os atingidos por esse desastre”, declarou.

Segundo o proprietário da casa, Eduardo Philipps, em breve será divulgada uma maneira de os fãs e apoiadores ajudarem em um mutirão para reconstrução do espaço. “Chegamos até aqui com muito esforço, muita garra e com muito amor, e será essa mesma garra e esse mesmo amor que nos darão forças para reconstruir e seguir em frente”, finalizou.
O fenômeno natural que atingiu o Sul do país já deixou ao menos dez mortos em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O termo “ciclone bomba” é usado para descrever os ciclones que se formam após uma rápida queda da pressão atmosférica em um curto período de tempo.
Por Época